Somos, ao mesmo tempo, cidadãos de nações diferentes e de um mundo, no qual a dimensão local e global estão ligadas (Carta da Terra).

30
Jan 17

A propósito do documentário que vi sobre o Peixe de Aquacultura  tive vontade de aprofundar o conhecimento sobre um ingrediente usado na ração dos peixes - a Etoxiquina.

Esta substância é um antioxidante, não sendo considerada genotóxica.

No entanto,

um dos seus metabolitos, a imina quinona etoxiquina, poderá ser genotóxica - ou seja, pode danificar o ADN - o que indica um potencial problema de segurança. Além do mais, em resultado do processo de fabricaco, há uma impureza, a p-fenetidina, possível carcinogénico, que permanece neste aditivo para rações” 

 

Descobri que esta já foi usada para pulverizar maçãs e pêras (incluindo no nosso país)  até à bem pouco tempo (2013). Ou seja, grande parte de nós já ingeriu directamente este produto (já não falando da sua ingestão indirecta, pelos animais alimentados com rações onde este produto está presente).

Actualmente o seu uso já não é autorizado (União Europeia) para uma série de produtos (sementes, frutas, vegetais, entre outros). Mas (existe sempre um mas, não é?),

"Embora a categoria «Peixe, produtos à base de peixe, crustáceos, moluscos e outros produtos alimentares marinhos e de água doce» esteja prevista nesse anexo, ainda não foram inscritos produtos específicos dado que os LMR para os pesticidas no peixe ao abrigo do Regulamento (CE) n.° 396/2005 só serão estabelecidos quando estiverem finalizadas as metodologias para o efeito, que estão ainda a ser desenvolvidas.

A etoxiquina foi autorizada como aditivos nos alimentos para animais ao abrigo da Diretiva 70/524/CEE(3) com uma limitação da quantidade a usar nos alimentos para animais. Após a receção de um pedido de nova autorização para utilização nos alimentos para animais, o produto foi submetido ao procedimento de reavaliação estabelecido no Regulamento (CE) n.° 1831/2003(4). Neste contexto, a Autoridade Europeia para a Segurança dos Alimentos (AESA) publicou em 21 de outubro de 2015 um parecer inconclusivo(5). Consequentemente, os serviços da Comissão estão a preparar uma medida de suspensão da autorização existente da etoxiquina para todas as espécies animais. Essa medida seria revista após a avaliação pela AESA de uma série de dados suplementares que o requerente da nova autorização se comprometeu a apresentar de acordo com um calendário definido. A necessidade de fixar LMR para a etoxiquina nos produtos alimentares em consequência da utilização dessa substância como aditivo nos alimentos para animais, bem como eventuais restrições à sua utilização para todas as espécies-alvo, serão consideradas com base no resultado da avaliação pela AESA dos dados suplementares a receber, incluindo no atinente a aspetos da segurança dos consumidores.”

In Perguntas Parlamentares

 

E quais os riscos desta substância na saúde humana? Pelo que apurei, ainda são grandemente desconhecidos, em parte devido à falta de estudos.

 

No documentário que falei acima, entrevistam uma investigadora, Victoria Bohne, que foi “empurrada a sair” do instituto onde trabalhava, devido à investigação sobre esta substância, amplamente usada nas rações para peixe de aquacultura.

Portanto, não existem estudos sobre o impacto na saúde (Victoria afirma no documentário que a substância atravessa a barreira cerebral e pode ser cancerigena…. ), nem estão disponíveis limites máximos para os animais de consumo, mas sabe-se que a sua degradação no organismo pode originar outras substâncias, genototóxicas e carcinogénicas).

 

Notas:

  • No fórum projectavalon.net encontrei informações e links pertinentes para o tema.
  • Fiquei curiosa em ler o estudo de Victoria Bohne. Na pubmed constam três artigos onde ela é co-autora, no entanto não me pareceu que nenhum deles trate os efeitos da Etoxiquina na saúde.
publicado por Maria às 14:06

24
Jan 17

 

Este ano a OCDE publicou um estudo sobre desperdício na despesa da saúde nos países membros (Tackling Wasteful Spending on Health). São apontadas sete áreas com excesso de despesa e com eventual prejuízo na saúde das pessoas, grupos e populações.

Os números para a OCDE nas áreas reportadas são:

  • 10% de intervenções desnecessárias e infecção adquirida nos serviços de saúde;
  • 10% da despesa hospitalar é afecta a correcção de erros ou infecções adquiridas em serviços de saúde;
  • 33% das crianças nascem por cesariana, sendo o número possível de 15%;
  • a variação da penetração de consumo de genéricos é entre 10 a 80% do total dos fármacos;
  • 20% das urgências em Portugal são inapropriadas;
  • as perdas por erros e fraude são em média de 6% da despesa dos serviços de saúde.

Na análise realizada Portugal apresenta melhores indicadores em admissão ao hospital relacionada com problemas de diabetes e no financiamento do sistema de saúde. No entanto, não estamos bem nas infecções adquiridas nos serviços de saúde e na utilização dos serviços de urgência. 

As Grandes Opções do Plano na área da Saúde para 2017, o Plano Nacional de Saúde e os Programas Prioritários em Saúde procuram dar respostas a estes desafios. Os reflexos destas orientações começam a estar explanados nos Planos Locais de Saúde em que a participação da comunidade é um factor essencial. Esteja atento e informe-se sobre o Plano Local de Saúde da sua área.

 

Daquilo que conheço, há muito para fazer e trabalhar. Continuamos a batalhar nas Precauções Básicas de Controlo da Infecção, na utilização de Equipamentos de Protecção Individual, em divulgar os 5 momentos da higienização das mãos... mas chegamos aos locais e não há água quente (ou sistemas de climatização), os profissionais de saúde estão desmotivados ou ignoram certas regras (em nome do andar bem vestido aperaltado).

Vemos muito desperdício de materiais que, devido a uma má gestão, vão ficando nas prateleiras, passando o prazo (de esterilização, de medicamentos - felizmente actualmente já existem plataformas informáticas de gestão do material, o que permite um maior controlo e evita abusos e desvios).

Vemos os médicos e enfermeiros nos bares (também têm direito à pausa, claro que sim) de bata vestida e estetoscópio ao pescoço (imagem de marca dos médicos), bata essa que serve para proteger das contaminações, bata essa que à partida está contaminada com microorganismos, mais ou menos perigosos.

Vemos a população a recorrer às urgências porque o filho vomitou no carro (enquanto bebia um leite com chocolate - esta é real), porque precisam de pedir nova medicação para a conjuntivite (outra real, fruto de conversas enquanto aguardava que me chamassem), porque não têm unidades de saúde nas proximidades ou estas não têm resposta...

 

E os Planos Locais de Saúde? Estes, para já, constituem um bom plano de intenções, mas não sei até que ponto estão a ser operacionalizados no terreno... 

 

 

publicado por Maria às 11:21
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16
Jan 17

Por vezes parece-me que a maioria das pessoas acha que o lixo “desaparece” por artes mágicas. É colocado no contentor – de lixo indiferenciado ou, caso o cidadão seja mais consciente, nos respectivos ecopontos – e depois evapora-se, como que por magia.

O problema é que a maioria das pessoas não pára para pensar nisso, nunca visitou uma lixeira ou aterro, um centro de triagem, de compostagem ou de incineração.

Já visitei todos estes, bem como centros de reciclagem de plástico e vidro (não me recordo de visitar centros de reciclagem de papel).

Visitar um aterro sanitário é uma experiência única, que nos abre a mente. O que acontece num aterro? Toneladas e toneladas de lixo, recebidas todos os dias, são colocadas em grandes “buracos” (que têm de ser bem isolados para garantir que as águas “lixiviantes”, resultantes da degradação dos resíduos não penetrem no solo, contaminando este e os aquíferos de água). Depois de compactados, os resíduos são tapados com uma camada de areia. Após atingir a capacidade daquela  célula (local onde os resíduos são colocados), esta tem de ser encerrada. Num aterro bem construído, existem drenos para encaminhar as águas contaminadas para tratamento e sistemas de captação dos gases formados (metano e outros) para igual tratamento. Mas tal não acontece nos aterros mais antigos… (vulgo lixeiras).

 

E o que acontece ao lixo lá depositado? Estudos indicam que após 40 anos (ou mais) ainda é possível identificar os resíduos lá colocados. Sejam resíduos orgânicos (uma casca de banana, por exemplo), sejam inorgânicos (roupas, plásticos, etc.).

Daí ser importante que:

  • sejam produzidos menos resíduos
  • seja dado um destino final adequado a cada um deles (compostagem no caso dos resíduos orgânicos, reciclagem no caso do vidro, papel, embalagens)

De modo a que aos aterros vão parar apenas os resíduos que não podem ter outro tipo de destino. E, a bem dizer, será uma quantidade bem menor do que a actual.

E o que podemos todos fazer?

  • Reduzir a produção de lixo: recusar (objectos desnecessários, sacos, brindes, publicidade, etc.), escolher objectos com menos embalagens, dar o que não se necessita, tentar reutilizar objectos para outros fins, evitando comprar outros objectos. No caso da roupa, doar a instituições ou colocar nos contentores de recolha de roupa (polémicas aparte, parece-me melhor colocar ali do que no contentor do lixo indiferenciado);
  • Fazer uma boa triagem dos resíduos, encaminhando o que for reciclável para os ecopontos. Grandes quantidades podem ser entregues nos ecocentros, em alguns municípios pode combinar-se um dia para recolha de monos (electrodomésticos, móveis, etc.).
  • Se possível, fazer compostagem. Há quem faça em casa, vermicompostagem, por exemplo.  Quem tem quintal, não necessita de grandes aparatos, eu coloco os meus resíduos compostáveis num canto do jardim. Para ficar mais bonitinho pode construir-se um compostor. E para facilitar esta tarefa, sugiro a colocação de um pequeno balde com tampa junto à bancada da cozinha, basta ir colocando aqui os materiais compostáveis e quando der jeito levar o balde até ao local da nossa compostagem.

Sugiro o seguinte exercício: num dia “normal” da vossa família, pesem os resíduos produzidos. Desde os recicláveis aos da cozinha, casa de banho, etc..

Já fiz esse exercício, não me recordo de quanto produzia, mas sei que fiquei algo chocada. Hoje em dia produzo bem menos, talvez um saco pequeno na cozinha (semanal) e o saco do wc, muito graças às fraldas (não cheguei a aderir a fraldas reutilizáveis - shame on me).

 

 

publicado por Maria às 12:37

06
Jan 17

Quanto estudei na faculdade, aprendi a “bíblia” dos 3R’s – Reduzir, Reutilizar, Reciclar. Mais tarde a docente da cadeira de Resíduos apresentou-nos o 4º R – Recuperar (na altura, era exemplo a energia criada com a incineração de resíduos [estávamos no inicio do funcionamento da Incineradora da Valorsul, situada em S. João da Talha]).

 

 

Recentemente deparei-me (com alguma surpresa, confesso, pois sempre me considerei estar bem informada sobre políticas ambientais) com os 7 R’s:

  • Repensar (será que precisamos mesmo daquele objecto?)
  • Reduzir (o consumo, as embalagens, o desperdício)
  • Reutilizar (o objecto para outro fim)
  • Reaproveitar (reparar o objecto danificado antes de o eliminar)
  • Reciclar (separar os resíduos e encaminhar para reciclagem)
  • Recusar (embalagens, objectos desnecessários)
  • Recuperar (valorização térmica, compostagem de resíduos orgânicos)

Parece-me que esta política dos 7R’s vem do Brasil, pelo menos não encontro referências em sites portugueses. E a própria definição de cada R surge com designações diferentes e com alguma confusão entre termos.

No entanto, alguns parecem-me essenciais: para além do Reduzir, Reutilizar, Reciclar, Recusar e Reparar deveriam estar na base!

Maslow, com a sua pirâmide de necessidades (Teoria das Necessidades Humanas), tinha tudo muito bem pensado… no entanto, a nossa sociedade baseia-se no consumo, no descartável, no fugaz... invertendo a pirâmide!

O importante é parecer e ter (quantos de nós não conhecemos o exemplo de X, Y, e Z que passam fome mas compram o telemóvel topo de gama que acaba de ser lançado?), logo as prioridades passam a ser a "Auto Realização", a "Estima" (apesar de as necessidades fisiológicas serem sempre a base, parece-me que começam a ser encaradas de forma secundária, em especial nas sociedades ditas desenvolvidas, em que à partida estão minimamente asseguradas).

 

 

publicado por Maria às 15:56

Retirado do livro "Anti-Cancro" de David Servan-Schreiber (página 153).

 

 

A quantidade de pesticidas organoclorados na urina de 23 crianças entre os 3 e os 11 anos, que consumiram primeiro uma alimentação "convencional", depois uma alimentação biológica e por fim voltaram à alimentação convencional, ao longo de 15 dias consecutivos. Os vestígios de pesticidas desapareceram quase de imediato da urina, quando passaram à alimentação biológica (dias 5 a 9)

publicado por Maria às 11:49

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